Acadêmicos e jornalistas poderão ver mais dados sobre como anúncios políticos são usados para visar usuários em todo o Facebook e Instagram
A Meta, dona do Facebook e do Instagram, disse que planeja fornecer a pesquisadores externos informações mais detalhadas sobre como os anúncios políticos foram direcionados em sua plataforma, fornecendo informações sobre as maneiras pelas quais políticos, agentes de campanha e estrategistas políticos compram e usam anúncios antes das eleições americanas desse ano.
A partir de segunda-feira, acadêmicos e pesquisadores registrados em uma iniciativa chamada Facebook Open Research and Transparency Project (Projeto Transparência e Pesquisa Aberta Facebook) poderão ver dados sobre como cada anúncio político ou social foi usado para segmentar as pessoas. As informações incluem quais categorias de interesse – como “pessoas que gostam de cachorros” ou “pessoas que gostam de atividades ao ar livre” – foram escolhidas para direcionar um anúncio a alguém.
Além disso, a Meta disse que planeja incluir resumos de informações de segmentação para alguns de seus anúncios em sua Ad Library (Biblioteca de Anúncios) publicamente visível a partir de julho. A empresa criou a Ad Library em 2019 para que jornalistas, acadêmicos e outros pudessem obter informações e ajudar a proteger as eleições contra o uso indevido da publicidade digital.
Problemas anteriores
Embora a Meta tenha dado a pessoas de fora algum acesso sobre como seus anúncios políticos foram usados no passado, ela restringiu a quantidade de informações que podiam ser vistas, citando razões de privacidade. Os críticos alegaram que o sistema da empresa era falho e às vezes com erros, e frequentemente solicitavam mais dados.
Isso gerou conflitos. A Meta anteriormente entrou em conflito com um grupo de acadêmicos da Universidade de Nova York que tentaram ingerir grandes quantidades de dados auto-relatados sobre usuários do Facebook para saber mais sobre a plataforma. A empresa cortou o acesso ao grupo no ano passado, alegando violações das regras de sua plataforma.
Os novos dados que estão sendo adicionados ao Facebook Open Research Transparency Project e à Ad Library são uma maneira de compartilhar informações sobre segmentação de anúncios políticos enquanto tenta manter os dados de seus usuários privados, disse a empresa.
“Ao disponibilizar critérios de segmentação de anunciantes para análise e relatórios de anúncios sobre questões sociais, eleições e política, esperamos ajudar as pessoas a entender melhor as práticas usadas para alcançar potenciais eleitores em nossas tecnologias”, afirmou a empresa em comunicado.
Com os novos dados, por exemplo, os pesquisadores que navegaram na Ad Library puderam ver que, ao longo de um mês, uma página do Facebook exibiu 2.000 anúncios políticos e que 40% do orçamento publicitário foi direcionado para “pessoas que moram na Pensilvânia” ou “pessoas interessadas em política”.
A Meta disse que estava vinculada a regras e regulamentos de privacidade sobre quais tipos de dados poderia compartilhar com pessoas de fora. Em uma entrevista ao The New York Times, Jeff King, vice-presidente da unidade de integridade de negócios da Meta, disse que a empresa contratou milhares de trabalhadores nos últimos anos para analisar esses problemas de privacidade.
“Cada coisa que lançamos passa por uma revisão de privacidade agora”, disse King. “Queremos garantir que fornecemos às pessoas a quantidade certa de dados, mas ainda permanecemos conscientes da privacidade enquanto fazemos isso.”
Os novos dados sobre anúncios políticos abrangerão o período de agosto de 2020, três meses antes da última eleição presidencial dos EUA, até os dias atuais.
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Via The New York Times / https://www.nytimes.com/2022/05/23/technology/meta-political-ad-targeting.html